Não sei bem, mas há dias
que nos sentimos como aqueles poetas nostálgicos, perdidos e embriagados pela
saudade. E por mais que tentemos ser fortes, ela continua lá, beliscando nosso
coração e trazendo de volta, aquilo que o tempo nunca mais irá nos devolver.
Toda saudade é nomeada.
Sentimos falta de pessoas, animais, épocas e lugares. É por isso, que escrevo:
a praia de Manaíra é a minha saudade. Levo-a comigo latente e viva na memória.
Posso visitar Miami Beach, praia da Ponta Negra, Copacabana, praia do Futuro,
Boa Viagem, Pipa e outras mais badaladas. No entanto, é Manaíra que me envolve
e, me faz reviver a felicidade efêmera.
Ai de ti, Manaíra! Com
seus coqueiros doadores de sombras, suas calçadas impregnadas de calor, refúgio
de seus transeuntes. Será que eles sentem a mesma saudade que sinto? Talvez
não, porque essa nostalgia que acalento foi dada exatamente por ti.
Beijada pela praia do
Bessa e abraçada por Tambaú. Manaíra é testemunha das juras de amor entre os
namorados, dos sonhos que ali foram idealizados, das noites estreladas, quase
infinitas.
Recordo-me de ti, porque
você mora em mim. Assim como o horizonte se entrega ao teu mar esverdeado.
Penso em ti, porque a maresia que sopras, para sempre irá desgrenhar meus
cabelos no fim de tarde. Escrevo sobre ti, porque foram as tuas espumantes
ondas, que brindaram minha alegria.
De todas foste a eleita.
Tua beleza reluz na simplicidade que te enriquece. Nas ruas que me levaram a
ti. Nas madrugadas que te enamorei em silêncio. Ai de ti, Manaíra! Nem mesmo os
prédios da João Maurício, foram capazes de reter, o casamento entre o céu e o
mar.
No mais, apenas memórias
me fazem te sentir outra vez. Tu és livre para desaguar em qualquer coração. Tu
és profunda e a minha vida é momentânea e rasa. Mesmo distante a milhas de ti, trago
nos pés, a chama da tua areia, nos lábios, o sabor do teu sal. E no olhar, o
pôr do sol a derreter os homens e navios.